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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

{The Prodigy} Capítulo três


- Bom dia... – O nome que seria dito após a saudação não soou, o que o deixou bastante agoniado. – Dormiu bem? Está se sentindo melhor?
         
- Sim. – respondeu o garotinho.
        
 A mulher sorriu-lhe e afastou seus cabelos da testa, dando-lhe um beijo. Ela era quem cuidava dele. Acordava-o, o levava para suas aulas e seus testes, para passear, e também o fazia dormir, geralmente lendo uma história (sua favorita era O Mágico de Oz) ou cantando uma canção de ninar. Ela era bonita, os cabelos castanhos curtos sempre muito bem cuidados, os olhos verdes sempre bondosos e sua pele clara sempre macia.
        
 - Vamos levantar? – perguntou gentilmente. – Hoje temos que recolher sangue. Tudo bem?
        
 Ele apenas assentiu, descontente por dentro. Havia certas coisas ali que não conseguia entender, como essa coleta de sangue a cada três dias. Também não entendia por que seu cardápio tinha de ser mudado toda semana, e também por que tinha que dormir com todos aqueles sensores grudados em seu corpo, principalmente na sua cabeça. Vetando tudo isso, amava morar ali, assistir às aulas, brincar com seus irmãos, andar pelos corredores de mãos dadas com aquela mulher e ouvir sua voz angelical.
        
Com auxílio dela, levantou-se e retirou os sensores. Tomou um banho, escovou os dentes e vestiu suas roupas – sempre brancas. Ele gostava de branco, mas essa não é a questão. Todos ali usavam branco, e só viu alguém com roupas de outras cores uma única vez.
         
Como sempre, ela abriu a porta, deixou-o passar e fechou-a novamente, tomando sua mão diminuta. À medida que caminhavam pelos corredores e passavam pelas pessoas, elas o cumprimentavam, chamando-o pelo nome que não lembrava, e também falavam algo com a mulher, à qual chamavam Dra. Alguma-coisa, pois não conseguia escutar seu nome também. Eventualmente ela contava histórias engraçadas ou comentava algo sobre o que fariam naquele dia, sempre com um sorriso, até que chegavam no refeitório, onde sentava com seus irmãos e ela, com outros adultos. Não parecia tão divertida quando estava com eles, porém sempre que seus olhares se encontravam, esboçava um sorriso ou fazia alguma careta que o fazia rir.
        
Seus irmãos falavam muito. Não lembrava o nome de nenhum, claro, mas sabia que era o mais novo. O mais velho era alto e forte, devia ter uns dezoito, dezenove anos, e até tinha uma menina que era muito parecida com ele. Todos tinham cabelos brancos, olhos azuis e peles alvas, mas fisicamente tinham suas diferenças. Tinha outra menina, que sempre sentava ao lado do mais velho, que tinha lábios bastante carnudos, enquanto que os do resto eram apenas razoáveis. Também tinha esse outro garoto, baixo, provavelmente com catorze ou quinze anos, que tinha mais músculos que o primogênito. Ao todo eram quase vinte, e todos se falavam, mas não passavam o dia juntos. Reuniam-se todos na hora de passear e nas refeições. As aulas eram individuais, e uma vez ou outra eram dadas a dois ou três deles simultâneamente. O menino gostava muito de todos eles, e mesmo que não fosse muito de falar, era atento às conversas na hora da refeição.
         
Logo todos terminaram de comer e aquela mulher veio a seu encontro, estendendo-lhe a mão mais uma vez. Como precisava estar em jejum para a coleta de sangue, iriam agora fazer alguns testes para perder o almoço e então ir ao laboratório. Os testes que costumavam ser feitos eram simples. Consistiam em avaliar seu desenvolvimento físico e mental. Seu irmão mais velho certa vez comentou que iam mudando à medida que ficavam mais velhos, mas o garotinho ainda não sentiu diferença. Nesse dia faria um teste de reflexo. Gostava dos testes de reflexo, apesar dos sensores em grande parte do corpo e o capacete engraçado que precisava usar. Era bem simples: havia uma tela na qual apareciam vários objetos e formas. Era-lhe dito o que precisava tocar e então tinha de encontrar o objeto ou forma o mais rápido possível e tocá-la para que então sumisse. Quando tivesse feito sumirem todos os objetos, surgiam mais, cada vez mais, e a velocidade ia aumentando, até que começava a errar e paravam. Sentia-se um pouco desolado por errar tanto, porém todos sempre o diziam que foi muito bem e que era normal não conseguir acertar quando ficava tão rápido assim.
        
Feito o teste, foi parabenizado (como sempre) e a mulher o conduziu pelos corredores até um laboratório muito bem equipado. Lá sempre estava aquele simpático senhor, que era quem recolhia seu sangue. Colocava a agulha sempre no mesmo lugar, e ele sempre dizia “Não dói tanto assim. É como uma picadinha de abelha”, todavia nunca foi picado por uma abelha, e se doía tanto assim, nem fazia questão de ser. O senhor e a mulher sempre conversavam bastante em uma ante sala, enquanto ele via algumas coisas no computador, a amostra de sangue do menino a seu lado. Passavam muito tempo lá, sérios, nunca olhando para ele, até que o homem pegava a amostra e saia por outra porta e ela voltava a seu encontro.
        
- Pronto. – dizia. – Agora podemos ir.
        
E estendia-lhe a mão.





Tinha todas essas lembranças nítidas, só não conseguia lembrar algumas coisas que eram ditas e os nomes. Nomes, números, mapas. Não conseguia lembrar nada disso. Sentia que se lembrasse talvez entendesse muito do que acontecia no presente momento. E como essas memórias voltaram-lhe à mente, passou em frente àquela porta e parou, olhando para ela. O robô parou também, olhando para trás. Voltou e conectou aquele seu fio ao painel quebrado ao lado da tal porta.
         
- Laboratório de citologia. – disse.
         
57 apenas sabia que lá recolhiam seu sangue, mas nunca soube como chamavam aquele lugar. Citologia, a ciência que estuda as células. Então, quando recolhiam seu sangue, era para avaliarem suas células. O que exatamente eles esperavam encontrar a cada três dias? E por que aquela mulher e aquele senhor passavam tanto tempo discutindo os prováveis resultados? Sim, porque devia ser o que faziam na ante sala.
         
- Podemos entrar? – perguntou.
         
C132 olhou-o e parou – como já era de costume. Então olhou para o caminho que seguiam e disse:
         
- O Dr. Kepler está nos aguardando.
        
- Mas eu preciso entrar aqui. – retrucou cabisbaixo e tímido. – Eu não lembro de nada, mas sei que ali dentro há respostas. Por favor.
        
A máquina o avaliou por mais um momento, e então voltou-se para o painel. A porta então correu para o lado, exibindo o laboratório além. Aqui também mudou bastante. Não era mais limpo e organizado, e o vidro da ante sala estava quebrado, os computadores lá jogados, destruídos. O menino caminhou em passos curtos, olhando para todos os lados, recordando-se de como era aquela sala. Nunca passou dela, porém, sentiu-se tentado a adentrar a ante sala. Além dela, aonde o senhor sempre ia após falar com a mulher, devia haver algo relevante, então não hesitou em encaminhar-se até lá. No final do aposento havia mais uma porta, dessa vez maior e com um tipo de tranca especial. Fixado nela um aviso de “PERIGO!”. Sabia que não havia nada perigos ali, que isso era apenas para manter os curiosos longe. Aproximou-se e procurou por um painel como o das outras portas, mas não encontrou. Examinou-a então e encontrou uma pequena fechadura onde as trancas se encontravam.
        
- Ah. – sussurrou. – É preciso uma chave.
         
E baixou o olhar, triste.
         
C132, entendendo seu descontentamento, olhou ao redor, procurando com sua visão biônica alguma forma que se assemelhasse à da fechadura. Após alguns minutos inspecionando atrás de monitores e hardwares quebrados, eis que avistou uma pequena forma prateada, presa a um cordão de náilon. Apanhou-a e estendeu a chave segurada pelo cordão ao garoto. Levou um tempo para que entendesse o que aquilo queria dizer, e então a recebeu, parando nervoso.
         
- Tem certeza que é essa? – perguntou, olhando para o instrumento.
         
- A forma da cabeça confere com a do interior da fechadura.
          
Seu coração deu um salto. Não sabia bem porque, afinal, só devia ter sangue lá dentro, mas sentia que muitas de suas dúvidas seriam finalmente explicadas, e isso era muito importante. As mãos ainda tremendo, estendeu-a e a colocou no buraco, girando-a em seguida.

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