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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

{The Prodigy} Capítulo dois


O mundo que 57 conhecia não era mais o mesmo, e isso o deixou assustado. Quanto tempo deve ter passado para que tudo ficasse nesse caos? Aquele complexo, no qual nasceu e cresceu, não era mais o mesmo. Estava destruído, velho, sujo. Passando pelos outros quartos, não encontrou nenhum de seus irmãos, e também não esbarrou com mais ninguém pelos corredores. Tinha a sensação de que eram apenas ele e aquele robô em todo o prédio. Seus passos ecoavam desritmadamente, devido à grande diferença de altura entre os dois. 57 eventualmente dava alguns pulinhos para alcançar a máquina, até que, cansado disso e se sentindo ridículo, parou um pouco para descansar, fazendo-o parar também. Virou-se e olhou para ele, indiferente.
        
 - Algo errado? – perguntou.
        
 - Você anda muito rápido. Poderia ir um pouco mais devagar, por favor? – pediu solenemente.
         
C132 permaneceu quieto a fitá-lo. Era engraçado quando ele fazia isso, como se seu processador fosse ultrapassado demais para computar certas informações. Retrocedeu um pouco, então, ficando perto suficiente do menino.
        
 - Quer que eu o carregue? – perguntou.
        
 57 sentiu-se muito envergonhado com aquela proposta. Carregá-lo devia dar trabalho, e a última coisa que ele queria era dar trabalho a alguém... ou algo. Negou, o olhar baixo, e continuou ali por um momento, até que, lembrando que tinham de encontrar aquele Dr. Kepler, voltou a andar em seu ritmo. A máquina o assistiu por alguns passos, e então acompanhou-o lentamente, olhando para baixo, para seu rosto tristonho. Encabulado, o menino continuou olhando em frente, e parecendo concluir algum tipo de análise, o robô também passou a mirrar o horizonte.
        
 Nenhum deles, porém, sabia exatamente aonde iam, então chegaram a um ponto em que pararam no meio de um cruzamento e ficaram olhando para os outros três lados possíveis. 57, pelo que pôde notar mais cedo, não lembrava nada, muito menos que caminho seguir. Não sabia onde era a saída, onde estava esse Dr. Kepler, ou mesmo onde exatamente ficava aquele prédio no qual estavam. Envergonhado por esses fatos, foi até um canto e lá ficou, olhando para os lados e então para baixo mais uma vez. C132 percebeu seu constrangimento, embora não conhecesse o motivo, e aproximou-se, agachando- se para ficar em sua altura.
        
 - O que houve? – perguntou.
        
 Um curto silêncio se seguiu durante o qual o menino pensava no que dizer. Não tinha escolha, precisava falar a verdade.
        
 - Eu não lembro de nada. – Sua voz era diminuta, tanto que se o sistema de áudio do robô não estivesse funcionando tão bem, não teria escutado. – Eu sei que nasci aqui, e até lembro de alguns rostos e momentos, mas não consigo lembrar de mais nada. Nem meu nome lembro. – E olhou para ele, à beira das lágrimas. – Você acha que esse Dr. Kepler sabe de algo?
        
Novamente, silêncio, dessa vez mais longo. A máquina processava informações. 57 achava aquilo engraçado, pois nunca viu um computador levar tanto tempo para realizar uma ação. Talvez estivesse sendo complexo demais, ou quem sabe há muito C132 não tinha contato com humanos, e então alguns de seus arquivos ficaram adormecidos.
        
 - Creio que sim. – respondeu enfim. – Não se preocupe em lembrar de nada, 57. Certas coisas são insignificantes o suficiente para merecerem recordações. O importante é que você sabe que existe e consegue se comunicar.
        
 - Quem tem boca vai a Roma. – sussurrou o garotinho, lembrando de seu professor de linguagens e códigos.
        
 C132 inclinou a cabeça, perguntando-se o que exatamente aquilo queria dizer. Os humanos eram muito curiosos, era o que achava.
        
 - Eu não sei onde é a saída. Você sabe? – perguntou 57.
        
 A máquina se levantou e olhou em volta, até encontrar uma placa na parede, à qual se dirigiu. Era um monitor, desligado. De seu pulso saiu um fino fio que conectou a um plug-in ao lado do tal monitor. Diferente dos filmes, não houve nenhum daqueles barulhos de quando o sistema está sendo escaneado. Passou-se pouco tempo até que C132 retirou o fio e virou-se novamente para o garoto quieto, esperando.
        
 - O sistema do complexo sofreu danos e as plantas foram danificadas. Creio que consiga remodelá-las, mas não é garantia. Poderíamos encontrar um caminho alternativo.
        
 E pôs-se a andar no sentido oposto, sempre olhando para frente. O menino o seguiu, dando alguns pulinhos novamente. Já entendeu que não podia fazer perguntas muito complexas, já que ele provavelmente não era programado para responder, apenas para obedecer. Porém, uma única pergunta podia responder muitas de suas dúvidas, e não hesitou em fazê-la:
        
 - Há quanto tempo está aqui desde que o Dr. Kepler foi embora?
        
 C132 continuou sua caminhada e respondeu logo em breve.
        
 - Exatamente quatro anos, três meses, doze horas, e vinte minutos. E contando. – respondeu simplesmente.
        
 Aquilo chocou 57. Como pôde estar adormecido por quatro anos? Deve ter perdido muita coisa nesse meio tempo. Como os acontecimentos que levaram seu lar ao que era hoje. E se o complexo estava daquele jeito, perguntava-se como o mundo ficou, isso se realmente mudou. Aquilo podia ser um evento isolado, certo? Mas, e se não fosse, será que aconteceu algo com as outras pessoas? Por que ninguém mais foi ao complexo? Por que sentia que estava completamente sozinho? Suas pernas guiavam-no a algum lugar onde sentia que não estaria bem. Não queria sair dali. Não queria abandonar sua casa.

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