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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

{The Prodigy} Capítulo sete


A respiração do pequeno foi normalizando aos poucos, até que C132, com sua programação avançada, reconheceu o nível apropriado de batimentos cardíacos e a intensidade das inalações e exalações. Checou a pulsação do menino e, mais tranqüilo, catou suas roupas e o pegou nos braços, voltando ao galpão. Acomodou o corpo inerte do frágil 57 no banco do passageiro do veículo com combustível. Luz pousou no ombro do garoto, apagando um pouco seu brilho e revelando sua forma de vaga-lume (um vaga-lume prateado, metálico, todas as suas articulações expelindo luz). A outra máquina deu a volta no caminhão e sentou-se no banco do motorista. Retirou com facilidade o painel do volante e mexeu nos fios à mostra, conseguindo ligar o motor. Não sabia exatamente como dirigir um caminhão, afinal, foi programado para guiar ambulâncias. Não devia ser tão difícil, pois não carregava ninguém à beira da morte. Bem, um garotinho desfalecido, mas não à beira da morte. Agora ele estava bem, fora de riscos.
         
Assim sendo, C132 manobrou o enorme veículo para fora dali, para fora do complexo vazio, sem vida. Seguiu pela estrada de terra calmamente, tomando cuidado para que não balançassem muito, já que era impossível permanecerem estáveis. A cada instante olhava para o lado, a fim de checar se 57 acordara. Luz continuava em seu ombro, quieto, como se também sentisse pelo ocorrido.
         
Não demorou muito, a gasolina acabou. C132 parou de vez e desceu, dando a volta novamente para pegar seu pequeno protegido. Tomou-o nos braços, Luz voltando a acender-se, e caminhou mais alguns quilômetros, alcançando o discreto portão. Estava aberto, escancarado. Na pressa, devem ter esquecido muitas coisas importantes, inclusive que aquele lugar lá atrás era um segredo. Isso não importava mais, não agora. C132 atravessou o portão, caminhando mais um pouco pela estrada de terra, até que passou por um arco de árvores e encontrou uma extensa pista asfaltada. Pousou cuidadosamente o menino encostado no tronco de uma árvore próxima e aproximou-se da pista, tocando-a com uma de suas mãos. Seu sistema começou a fazer análises comparativas, e então soube que ali passaram veículos recentemente. Isso era um bom sinal, afinal, robôs não dirigiriam a não ser que fossem ordenados. Se for um robô que passou ali ou não, só o destino diria.
         
De repente, C132 captou uma leitura diferente. Sentia uma leve vibração. Era um veículo que se aproximava. A máquina, então, voltou para pegar o garotinho e em seguida retornou à beira da estrada. Surgiu no horizonte à direita um carro vermelho. Aproximava-se com certa velocidade, mas ao avistar o robô com o menino nos braços, reduziu. E então o carro, baixo, comum, dirigido por um homem forte em seus aparentes trinta anos, parou ao lado de C132. Baixou o vidro e olhou curioso para o trio.
         
- Algo errado? – perguntou, estranhando o menino desmaiado.
         
- Senhor, precisamos de uma carona até Capital. – Foi a resposta.
        
- E o que aconteceu com ele? – continuou, como se o robô nada tivesse dito.
        
C132 olhou para o rosto adormecido de 57. Ele era tão pacífico acordado, dormindo, então, parecia imperturbável.
         
- Ele se afogou, mas seu estado já é estável. Provavelmente acorde em algumas horas.
        
O homem olhou mais uma vez para o menino, estranhando. Não confiava em máquinas, ainda mais depois de tudo que aconteceu nos últimos anos. De qualquer forma, aquela sabia o que exatamente tinha acontecido com ele. Chegando a Capital, iria à polícia e o denunciaria. Depois escaneariam sua memória para descobrir o que realmente aconteceu, e então aquele maldito robô viraria ferro velho. Com tudo isso em mente, o homem, descontente, indicou que entrassem. C132 sentou-se no banco de trás com 57 ainda em seus braços. O carro seguiu seu caminho com um clima tenso.
         
C132 nada dizia, e o homem não parava de olhar pelo retrovisor.
         
- E então? – disse, a voz um pouco arrastada. – De onde vocês são?
         
- Viemos do complexo da Corporação Kronos.
         
- Complexo, é? Mas não tem nada por essas bandas. E a Corporação Kronos faliu há anos.
         
Esse era um interessante detalhe do qual o robô não tinha conhecimento. Será que isso explicava o estado de abandono do complexo? Quem sabe aquela fuga quatro anos atrás tenha relação com isso. Precisava coletar dados para manter-se informado, pois 57 provavelmente faria perguntas.
         
- O que aconteceu, senhor? – perguntou, solene.
        
Os olhos cerrados do homem voltaram a encarar C132 pelo retrovisor. Estranho uma máquina não saber de tudo.
         
- Com a Kronos? Ah, fraudes, desvio de verba. Coisas do gênero. O que vocês vão fazer em Capital?
         
- Procuramos pelo Dr. Kepler. Fui incumbido de levar 57 até ele assim que acordasse.
         
- Kepler, Kepler. Você quer dizer Howard Kepler? Ele é um dos fundadores da Kronos, não é? Aparecia muito nos noticiários, principalmente após a falência da corporação.
         
- O senhor o conhece? Faz idéia de onde possa estar?
         
- Se você que foi ordenado por ele não sabe, como eu vou saber? Mas, o mundo não é mais o mesmo. Muita gente se foi, então se tiverem sorte, o encontrarão logo. Ou descobrirão que ele também se foi.
         
- Foi para onde, senhor?
         
Ah, a ignorância dos robôs. Eles não tinham idéia de como eram sortudos em serem programados. Viam apenas o que precisavam ver. Se sua programação dissesse que o mundo era um lugar maravilhoso, então assim seria, ao menos para eles. Era de certa forma invejável.
         
- Quer dizer que ele morreu. - explicou o homem, incomodado por ter que explicar isso a uma máquina que supostamente deveria ser mais inteligente que ele.
         
- Ah, entendo. – E logo computou o termo em seu sistema. – Ele parecia bastante urgente quando me ordenou que cuidasse de 57, e depois todos sumiram. O que aconteceu, afinal?
         
Não que C132 tivesse alguma esperança de que aquele mero civil, aparentemente, soubesse de algo que aconteceu no complexo, mas certamente sabia como estava o mundo. Realmente, o robô captou mais poluição no ar do que há quatro anos. As plantas também não eram as mesmas.
         
- Não sei direito. Nunca nos deixaram a par da situação. Tem algo a ver com uma epidemia. Começou há uns três, quatro anos. Desde então, as pessoas vêm morrendo a cada dia. Estou voltando de uma cidade no interior, e só ontem morreram nove por lá. É muito triste. Ninguém mais tem esperança de que tudo vai voltar como era antes.
         
A paisagem que o robô assistia passar pelo vidro do carro ainda era verde, mas percebeu que não tão verde assim. Fazendo uma comparação do ar de quatro anos com o de agora, entendia que o mundo realmente não era mais o mesmo. O planeta estava doente, morrendo, e junto, seus habitantes.
         
O veículo parou bruscamente e o motorista xingou. C132 olhou para frente e deparou com uma cena que jamais vira: um amontoado de carros, caminhões, motos... todos virados, em chamas, quebrados, deformados. Era possível ouvir gritos ao longe, desesperados, pedindo por ajuda. O homem disse algumas coisas e saiu assustado. Aproximou-se do acidente e passou por uma parede de fumaça, sumindo lá dentro. C132 perguntava-se o que poderia fazer. Esperar? E se algo acontecesse a ele, como saberia? Aliás, podia ser perigoso continuar ali. Assim, ajeitou 57 em seus braços e saiu do veículo também.
         
O ar estava densamente poluído aqui, poderia prejudicar a saúde do menino. Então, a máquina retirou de seu compartimento uma máscara de oxigênio. Posicionou-a na frente da boca do jovenzinho e ela lá mesmo ficou, grudando em seu rosto e começando a funcionar. Luz voltou ao ar, mas dessa vez mantinha-se perto.
         
C132 caminhou lentamente em direção ao colapso, tentando enxergar além da parede de fumaça. Conseguia distinguir pessoas e veículos, mas não nitidamente. Era arriscado continuar, porém a única forma de sair dali rapidamente. Então, suas pernas mecânicas moveram-se até a parede de fumaça e a atravessaram rapidamente. Do outro lado, a definição de caos. Todos gritavam palavras ininteligíveis, desesperados, uns pegando fogo, outros tentando ajudar, outros presos em carros virados. Alguns acidentados, vendo-o, logo ergueram as mãos em sua direção, implorando que ajudasse. Todavia, ele não podia. Não era essa sua missão. Foi programado para auxiliar médicos e enfermeiros, mas no momento seu objetivo era proteger 57 e levá-lo ao Dr. Kepler. Sendo assim, olhou para frente, concentrando-se em um ponto fixo, e continuou sua caminhada.
         
Em um momento alguém gritou “Ei! Você! Homem de lata!” e foi impossível não olhar. Era o homem que deu carona lá atrás. Estava abaixado ao lado de um veículo virado, completamente deformado. A mulher, que provavelmente dirigia, sangrava tanto que suas chances de sobrevivência eram mínimas se não fosse tratada imediatamente. Também havia um bebê. Ele chorava alto nos braços dela, por sorte ileso.
         
- Me ajude a tirá-lo daqui! – esbravejou o homem. – Vamos, o que está esperando?
         
C132 olhou para a cena e – se é que era possível – lamentou. Não podia fazer nada por eles. Não podia simplesmente largar 57 no canto para ajudar aquelas pessoas. Era inconcebível.
         
- Sinto muito, senhor. – disse, voltando a andar.
         
O homem, percebendo seu distanciamento, gritou cada vez mais alto, mas foi em vão. O robô não lhe dava atenção, apenas caminhava.
         
Após alguns minutos, viu-se fora daquele mundo de caos, livre de pessoas gritando por socorro. Alguns veículos aqui e ali também estavam acidentados, mas era uma situação bem menos grave. Havia muitos outros carros parados na estrada, seus ocupantes do lado de fora, vendo a confusão. Ao longe, os sensores auditivos da máquina podiam detectar sirenes. Muitas sirenes. Capital com certeza era para lá. Andou mais um pouco até que avistou um carro vazio, as chaves na ignição. Devia ser de alguém que adentrou o caos para ajudar, e fosse quem fosse não tinha noção de como o ajudou. Sem pestanejar, C132 pousou 57 no banco da frente, colocando-lhe o cinto, e sentou-se em frente ao volante, dando partida. As outras pessoas ao redor olhavam para a cena confusas, mas não podiam fazer nada. Alguém até xingou alto para o robô, porém era completamente em vão. Deu a volta e seguiu na direção contrária, para onde vinham as sirenes, para onde devia ser Capital.
         

Um comentário:

  1. Creio que esse tenha sido o pior capítulo que já escrevi dessa história. Ele veio em um momento toalmente inoportuno, pois Lovecraft quem vem me inspirando ultimamente. No entanto, vou me esforçar para pôr mais sentimento nos próximos capítulos para chegar ao final que elaborei de forma sublime.

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