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terça-feira, 23 de agosto de 2011

{The Prodigy} Capítulo seis


Caminhando pelos corredores do complexo mais uma vez, agora com todos aqueles fatos em mente, 57 sentiu como se aquele fosse um lugar estranho, um lugar que visitava pela primeira vez e do qual não gostava. Sentia-se mais sozinho do que nunca na imensidão daquele prédio. Sempre que olhava para algum canto, alguma sala aberta, qualquer ponto, tinha alguma lembrança de seus irmãos, de Elizabete e do Dr. Kepler, que, recordava-se aos poucos, sempre estava onde suas criações estavam. O menino conseguia lembrar inclusive do olhar maravilhado que o velho sempre fazia ao deparar com um deles ou com todos juntos. 57 sentia repulsa. Uma inexplicável repulsa.
         
Após algum tempo andando para lá e para cá, C132 conseguiu se localizar em meio a plantas danificadas e consultas esperançosas aos dados de Luz, que agora os acompanhava. O garoto achava melhor assim, como o robô mesmo disse, pois as informações que ele continha, tanto as mais visíveis quanto as ocultas e criptografadas poderiam mostrar utilidade. Já que não faziam idéia de como estava o mundo lá fora, qualquer informação, qualquer instrumento meramente usual poderia vir a ser útil.
         
O Dr. Kepler, provavelmente em um momento de desespero, segundo os relatos de C132 de que todos corriam para todos os lados ao toque de um alarme contínuo que só parou com uma explosão, não especificou para onde ia e para onde 57 tinha de ser levado. A máquina levou algum tempo pesquisando os arquivos deteriorados do sistema e as informações de Luz até encontrar referências a um laboratório em Capital, a cidade mais próxima. Apesar da vastidão do mundo, o jovenzinho não se sentia desmotivado. Precisava encontrar esse homem a qualquer custo, não importava quanto tivesse que procurar. Assim, começariam por Capital, e se ele não estivesse lá, o jeito seria recolher pistas e continuar a busca. Segundo uma das plantas que C132 conseguiu a muito custo remodelar, havia um galpão no lado oeste do complexo onde eram realizadas cargas e descargas, tanto por veículos terrestres quanto por aviões. Então, dirigiram-se para lá na esperança de encontrarem qualquer meio de chegar a Capital.
         
A série de enormes corredores que seguiram levou-os até o tal galpão, que em toda sua monstruosidade, tinha pouquíssimos veículos terrestres a vista. Enormes caixas e containeres ocupavam o lugar em diversos pontos, todos com trancas eletrônicas. Seus conteúdos não interessavam a 57 no momento, e já até imaginava que deviam ser alimentos e, em sua maioria, material de pesquisa do projeto Neo homo. Então, sem perder tempo, o trio peculiar dirigiu-se a uma fileira de pequenos caminhões de carga. C132 deu uma olhada em suas cabines pelo vidro e quebrou-os para ter acesso aos painéis. Após conferir todos, voltou-se a 57.
         
- Todas estão sem combustível, a não ser por esta. – E apontou para o carro. – No entanto, sua quantidade não é suficiente para alcançarmos Capital. Pode ser que consigamos chegar até a entrada do complexo, mas é impossível ir mais longe.
         
Aquele fato não deixou 57 abalado. Na verdade, estava tão otimista que olhou ao redor, procurando por galões de gasolina ou qualquer outro tipo de combustível. Um lugar como aquele devia ter um posto de combustível de fácil acesso. No entanto, o garoto não encontrou nada que indicasse isso.
         
- Então vamos. – disse, confiante. – Deve haver um posto aqui perto, e mesmo que cheguemos apenas até a entrada, lá deve ter uma estrada.
         
E aqui seu otimismo se mostrava mais forte, pois se antes pensava estar completamente sozinho no mundo, agora que tinha noção de que aquele lugar não era tudo que existia, talvez outras pessoas estivessem andando lá fora. C132, que não entendia a complexidade dos sentimentos humanos, apenas acessou o painel ao lado das enormes portas para abri-las.
         
Houve um ruído, e então, lentamente, uma nova luz foi entrando, invadindo os glóbulos oculares de 57. Aos poucos sua visão ia se acomodando com aquela claridade e ele ia distinguindo as formas que nunca tinha visto tão de perto. A mata, as árvores enormes (do jardim interno do complexo só conseguia ver suas copas) e até o canto dos pássaros, que ouvia pela primeira vez. Todo aquele verde foi invadindo sua mente de forma sublime, enchendo seu peito de uma inexplicável alegria. Sem que percebesse, seus lábios foram se esticando em um sorriso, e então teve lapsos de memória. Lembrava de uma floresta, e além dela, a praia, o mar. Caminhava tranquilamente por ali, acompanhado de outras pessoas. Falavam com ele sorrindo e o jovem sorria de volta, mas sempre que alguém tentava verbalizar seu nome, as palavras se perdiam no vento, como se distantes. Eram apenas ecos de letras tentando formar um nome.
         
C132 dirigiu-se ao veículo, porém, parou ao ver que 57 ia para o outro lado, em direção às árvores e à estrada de terra que se estendia. Seus pequenos pés pisaram então a terra e o menino sentiu-se livre. Olhou para as árvores, ouviu o canto dos pássaros, e olhou para cima, para o céu azul coberto por densas nuvens cinzentas que não deixavam aquele momento menos belo. O céu parecia tão maior visto dali, por entre as copas das grandiosas árvores. Era magnífico vislumbrar aquela imensidão. Sorriu mais largo, e as lembranças da floresta, da praia e do mar ficavam mais nítidas. Ouvia risos e vozes de crianças. Também ouvia a voz de uma mulher dizendo “cuidado! Não vão muito longe!”. Sentia-se tão confortável ao ouvir essa voz, mesmo que não lembrasse de quem era.
         
Ouviu então o barulho da água correndo ali próxima, e as lembranças do som das ondas do mar invadiram seus pensamentos. Via a praia, a areia clara, o vasto céu limpo e o mar de águas cristalinas. Alguém mencionou como aquilo era belo, e um cachorro latiu, correndo ao redor deles, abanando o rabo, se divertindo. Ele queria tanto se banhar naquelas águas. Por que não?
         
57 correu por entre as árvores em direção ao som da água. C132, confuso, correu atrás dele, e Luz rapidamente voou junto, passando agilmente do robô. O menino, porém, era bastante rápido, e logo alcançou um extenso rio. Sua água era limpa, mas não tão limpa quanto o mar que lhe invadia os pensamentos. Aquele som remetia-lhe ao das ondas, e então a vontade de estar ali, com a água, fazendo parte de sua existência, cresceu. Assim, tirou sua roupa, jogando-a para todos os lados, e correu em direção ao rio. Ouvia as risadas das crianças e os gritos de C132, indistinguíveis. Seus pés alcançaram a água, e então submergiram, assim como suas pernas e logo seu tronco. Estava quase no meio do rio, até que escorregou em uma pedra, afundando completamente. A corrente era forte, assim como a que o puxou para o fundo do mar. Seu corpo se debatia, os braços procurando um ponto firme desesperadamente, mas nada tocavam. E foi sendo levado pela correnteza, sentindo a água tomando conta de seu corpo.
         
Até que um braço o segurou pela cintura diminuta e o puxou para seu lado, fosse qual fosse, pois já não sabia onde era cima, baixo, direita, esquerda. Não sentia mais a água esmagando-o; sentia o vento soprando gelado, assim como ouvia vozes desesperadas ao longe, o som das ondas e o do rio correndo. E por mais que tentasse enxergar além do braço que o puxava, não conseguia. De repente tudo ficou branco.





O robô deitou o garoto ao leito do rio, sentindo um peso ao ver seu corpo tão mole, mais parecendo um boneco de pano. Posicionou sua cabeça e seu tronco devidamente e pressionou seu peito, tentando expulsar a água que se alojara em seus pulmões. Repetiu o processo até que 57 vomitou toda a água, porém continuava desacordado. Sua respiração estava bastante lenta e fraca, e ao perceber isso a máquina sentiu um desespero inexplicável. Máquinas não têm sentimentos, é o que dizem, mas C132 podia discordar, pois o que sentia não era normal. Sim, era sua missão cuidar do menino, mas nada explicava aquele desespero todo. Então, Abriu o compartimento sob seu peito e de lá retirou uma bolsa, dentro da qual havia uma seringa de ponta fina e uma ampulheta. Extraiu o líquido translúcido do frasco para o instrumento e parou, olhando mais uma vez para 57.
         
Sua memória foi invadida por visões do menino, desde que ele lhe foi entregue até agora. E seu sorriso, de todas as lembranças, era a que mais pulsava. Após ver o caos que se instalou no complexo quando se deu a evacuação, achou que o mundo estivesse acabando e que não havia esperança para os humanos, até que viu pela primeira vez 57. E antes desse incidente, quando vislumbrou seu sorriso, sentiu essa mesma sensação. Curioso. Um robô devaneando sobre sentimentos.
         
C132, então, pegou cuidadosamente o braço do jovem e inseriu a agulha em uma veia aparente, soltando a substância lá dentro. Luz pairava sobre eles, pacífico. O robô retirou a agulha e cobriu o furinho com um pedaço de algodão, segurando o menino pelos ombros, olhando para seu rosto desfalecido. E eles esperaram. E esperaram. E esperaram.

2 comentários:

  1. to super viciado.. mas como vc é mau Gabriel Cavalcante ... naum vejo a hora de ler o próximo capitulo... MAS QUE VC TERMINAR ESSE CAP ASSIM...

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  2. Olha só a história tomando novas visões, novos ares, de uma plataforma fria e gélida como as instalações para um sentimento de liberdade entre o verde das árvores e a sensação de pés descalços sobre o chão.. adorando, ainda mais agora que a história começa a se encaixar ...

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