TRANSLATE IT!

Google-Translate-ChineseGoogle-Translate-Portuguese to FrenchGoogle-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to ItalianGoogle-Translate-Portuguese to JapaneseGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to RussianGoogle-Translate-Portuguese to Spanish

quinta-feira, 28 de julho de 2011

{The Prodigy} Capítulo primeiro

À sua frente, o mar e a tênue linha do horizonte. O céu estava formidavelmente limpo nesse dia, e a água era clara, transparente. Dava vontade de mergulhar nela e nunca mais sair. Aliás, por que não o fazia, afinal? O garotinho tirou sua blusa e sua bermuda e correu em direção àquela imensidão azul. Seu passo desacelerou quando seus joelhos ficaram submersos, e então jogou seu corpo para frente, voltando a emergir e tomando uma bela golfada de ar. Aliás, ar puro – puríssimo. Aquele devia ser o último lugar da Terra com um ar tão límpido. Aliás, devia ser o único lugar inteiramente puro de todo o globo. Olhou para cima, bem lá para o alto, e ficou maravilhado com a extensão que o céu tinha visto dali, como se pudesse ser tocado se desse um pulo bem alto e erguesse seus braços.

Lá da praia chamaram um nome. Era o seu. Virou-se com o mais largo dos sorrisos a estampar seu rosto esculpido, deparando com sua mãe gritando algo, apontando para trás. De repente seu pai também começou a gritar, e então seus irmãos e até seu cachorro, que como não podia gritar, latia bem alto, abafando as palavras inaudíveis dos outros. Sabia que havia algo atrás dele, mas o que poderia ser tão grave que os alarmasse tanto? Virou-se para aquele lado, então, e deparou com uma enorme onda. Enorme para seu tamanho diminuto, mas não deixava de ser grandiosa. Não tinha percebido, mas a força da água o dragou para mais próximo dela, e antes que pudesse pensar em qualquer reação, foi engolido por ela, rolando, rolando e rolando, até em fim lembrar apenas que rolava.





- Treze e vinte e sete. Boa tarde! – disse pausadamente uma voz computadorizada, saindo dos auto-falantes.

Os olhos azuis daquele pequeno de pele alva e cabelos idem abriram-se lentamente, como se acordasse de um longo sono. Seu corpo doía, pois deve ter ficado ali deitado por muito tempo. Só tinha agora noção do horário e de mais nada. Na verdade, nunca teve realmente alguma noção de tempo aplicado no espaço, assim como várias outras coisas. Tudo que sabia era extremamente teórico. Todavia, segundo suas poucas práticas, estava tarde para acordar. Olhou ao redor e perguntou-se se tudo estava mesmo daquele jeito, bagunçado, como se um tufão ali tivesse passado, diria seu professor de linguagens e códigos. Em sua última lembrança, aquele quarto era extremamente limpo, com desenhos seus nas paredes e bichos de pelúcia nas estantes, e agora só restava o caos. Apoiou-se em seus braços e ergueu seu corpo, agora o sentindo por inteiro. Quanto tempo será que passou deitado, dormindo? Não sabia, porém pretendia descobrir. Também pretendia entender o que aconteceu com seu quarto.

- Treze e vinte e sete. Boa tarde! – E também descobrir o que aconteceu com o sistema, pois a hora nunca era repetida.

Agüentando as dores localizadas que latejavam, pulou para fora da cama e ficou de pé por um momento, só para garantir que sua coordenação motora não foi afetada. Como conseguiu permanecer de pé, foi até a porta, no entanto ela não se abriu automaticamente, como era para acontecer. Aproximou-se, e nada. Chegou mais perto ainda, e ela continuou imóvel. Começou a ficar assustado. Além do sistema de hora falho, que voltava a repetir o mesmo horário pela terceira vez desde que acordou – sabe-se lá quantas vezes permaneceu nesse ciclo antes disso –, a automação das portas também estava com defeito. Não sabia fazer muitas coisas remotamente, e como aquelas portas não tinham maçanetas, não imaginava como poderia abri-la. Continuou ali, de pé, pensando no que fazer, quando subitamente ela se abriu, fazendo um chiado elétrico que o sobressaltou. Detrás, do corredor, vinha uma figura alta, brilhante, de porte pequeno também. Aproximou-se e ficou perfeitamente visível que era uma linha de robôs fabricada para reproduzir expressões faciais. As válvulas de expressão logo acima de seus olhos amarelos, tão pronunciadas, davam-lhe um tom meio triste. A máquina deu um passo, e antes de atropelar o garoto, olhou para baixo e percebeu-o, espantando-se.

- Ó, você acordou. – Sua voz não era daquelas computadorizadas que ele vira nos filmes antigos. Era bem humana, embora provavelmente não encontrada naturalmente. Era uma voz belíssima, por sinal.

- E tarde. – retrucou o garotinho, tímido. – Teoricamente eu devia ter acordado ás sete da manhã, mas o sistema está repetindo...

- Treze e vinte e sete. Boa tarde! – Mais uma vez. Nem foi preciso concluir o pensamento.

O robô olhou fixamente para ele, e então adentrou, dirigindo-se ao armário do outro lado da sala. O pequenino o seguiu e o viu tirar de lá algumas pequenas bolsas portáteis, as quais deviam conter medicamentos e outras coisas do gênero. Guardou-as em seu compartimento sob o peitoral e voltou-se a ele.

- 57. – disse. – Eu sou o número de série C132 do modelo Aero, e fui designado para cuidar de você até que despertasse, para então levá-lo ao encontro do Dr. Kepler. Você esta bem? Precisa de algo ou podemos partir imediatamente?

Não entendeu logo porque foi chamado por um número, afinal, tinha um nome, do qual não conseguia lembrar no presente momento. Seus professores o chamavam por esse tal nome, e era muito bonito. Já que não conseguia lembrar, frustrado, decidiu que seria reconhecido por esse número, 57. Pois bem. Aquele robô, em sua humilde opinião, não estava falando coisa com coisa. Não lembrava desse Dr. Kepler, e não tinha idéia de porque precisava encontrá-lo. Precisava de respostas das mais variadas, agora que aquela máquina botou isso em sua cabeça.

- Por que tenho que ir com você? – perguntou, um pouco cabisbaixo.

C132 encarou-o, sério. Não foi instruído para responder perguntas, muito menos tão complexas quanto essa.

- Fui designado para escoltá-lo até o Dr. Kepler. Tudo que me disseram foi “Cuide dele até que acorde, e então o traga a mim”. Não sou capaz de responder a perguntas como essa, desculpe.

Ainda mais frustrado do que antes, 57 baixou o olhar, sentindo-se desolado. Onde estava aquela mulher que cuidava dele? Ela saberia responder a todas as suas questões e ainda contaria uma história antes de dormir. Como era mesmo seu nome? Não conseguia lembrar nem de seu nome, como lembraria o daquela jovem mulher? O menino, sentindo que não tinha muitas opções, olhou ao redor, procurando vestígios de algo seu, porém não encontrou nada relevante. Sabia que tinha um item precioso, pelo qual tinha muito carinho, mas também não conseguia lembrar o que era. Assim sendo, ergueu um pouco a cabeça, os olhos ainda baixos, e disse:

- Está bem. Vamos indo.

O robô sorriu e seguiu caminho, saindo daquele quarto que um dia fora um lar. Agora era apenas um monte de coisas amontoadas, difíceis de serem reconhecidas. O garoto o seguiu meio que apertando o passo, sentindo uma agonia por estar perdido em um lugar que conhecia tão bem. E antes que seus pés alcançassem o corredor, ouviu novamente:

- Treze e vinte e sete. Boa tarde!

Um comentário:

  1. Parabéns, filhote. Melhorou MUITO desde a primeira vez que li um escrito seu, mas ainda permanece o mesmo conselho: verificar os erros de português.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...