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sábado, 8 de outubro de 2011

{The Prodigy} Capítulo oito


Não tardou até que a paisagem ampla e esverdeada fosse ficando cada vez mais apertada e cinza. A frieza da monocromancia de Capital era perturbadora, ainda mais por conta do deserto que eram aquelas ruas. C132 não encontrou nos dois quilômetros que percorreu uma pessoa sequer. Reconheceu corpos quentes por trás das paredes dos prédios altos, mas fora isso, nada mais. Alguns gatos e cachorros passeavam, cheiravam alguma coisa por aqui, por ali, e logo voltavam a latir e a miar, correndo de um lado para o outro, olhando ao redor como se vigiassem o perímetro. Alguns até pararam e contemplaram o carro dirigido pelo robô passar, como se fosse algo invulgar. Devia ser, visto o estado de abandono da cidade.
        C132 parou o veículo ao meio fio logo adiante, próximo de uma cabine telefônica. Antes de descer, verificou o estado de 57. Ainda respirava pesado, adormecido.
        - Venha, Luz. – disse. – Preciso que você armazene alguns dados.
      As máquinas desceram do carro e foram até a cabine. Ao entrar, o robô arrancou o fio do telefone e apontou-o para o HD, que aproximou-se e começou a piscar, lendo todos os dados possíveis.
        - Pegue tudo. Mapas, números de telefone, endereços, e-mails.





O vácuo no qual estava começou a ficar menos nítido, dando lugar a uma sensação engraçada. A escuridão que o rodeava de repente não era tão escura assim. O silêncio também não era tão silencioso, e a sensação de flutuar também não era a mesma. Não flutuava, e sim repousava em algum lugar macio inclinado a noventa graus. Abriu seus olhos lentamente, habituando-se à claridade. Estava dentro de um veículo e com certeza não mais no complexo nem em suas redondezas. A paisagem vista pela janela era completamente diferente, cinza, fria, monumental, assustadora. O céu dali não tinha a mesma tonalidade daquele que banhava o complexo: era pesado, morto, parecia pronto para cair sobre o mundo a qualquer momento.
        57 olhou ao redor, procurando por C132. Nada dele nem de Luz. Olhou pelas janelas, contemplando aquela rua deserta, mas nada. Olhou pela outra janela e sentiu-se um pouco mais aliviado ao vê-los na cabine telefônica ali perto. Deviam estar localizando o Dr. Kepler ou qualquer outro relacionado ao complexo. Aquela, então, devia ser Capital. Pelos filmes que vira não imaginava que cidades fossem tão desertas e agora que via uma de perto, assombrava-se com a imensidão do lugar. Curioso, abriu a porta e pôs os pés para fora do carro, sentindo a dureza daquele chão. Mesmo calçado podia sentir o quão quente era, como se alguém tivesse ligado um forno nos esgotos. Ficou de pé feliz por conseguir agüentar o próprio peso após o incidente e olhou mais uma vez ao redor, sentindo o vazio que preenchia aquele lugar. Era extremamente perturbador fazer parte daquela solidão, como se fosse a última pessoa no mundo. Virou-se e deparou com uma imensa parede de vidro que se estendia tanto para os lados quanto para o alto. Seus olhinhos foram seguindo-a na altura, até que sua cabeça estava completamente inclinada e seu coração batia forte com a impressão de que tudo aquilo ia cair sobre ele.
        Assustado, 57 rapidamente olhou para frente e deparou com C132 e Luz retornando da cabine. Aproximaram-se dele, o robô o avaliando. Tocou sua testa e pegou seu pulso. Aproximou a orelha mecânica de seu peito e avaliou seus olhos clinicamente. O menino sentiu-se como há quatro anos, sendo examinado constantemente. Era incômodo ter alguém tão preocupado assim com ele. Sentia-se sufocado. Foi um alívio quando o robô se afastou e não falou nada a respeito de seu estado.
        - Luz está com todos os dados possíveis de Capital. – Estendeu a mão para o besourinho, que pousou em sua palma. – Descobri que o Dr. Kepler é Howard Kepler, um dos fundadores da Corporação Kronos.
        As últimas palavras não significavam muito para o garoto, mas com certeza seriam de grande ajuda no meio dessa cidade monstruosa. Howard Kepler e a Corporação Kronos não lhe importavam muito no momento, e sim todas as outras questões que trazia consigo.
        - Vamos começar pelo laboratório. – informou o robô, dando a volta no carro. – Fica no centro. Não levará muito tempo.
        O menino voltou a entrar no veículo e então continuaram seu caminho. À medida que iam se afastando da periferia 57 percebia o grau de abandono da cidade. Quanto mais se dirigiam ao centro, porém, mais pessoas eram vistas nas ruas. A maioria era estranha, cobertos da cabeça aos pés, outros, com menos roupa, tinham o corpo pintado ou carregavam algum tipo de arma. O garoto já vira algumas fotos de armas e estudou sobre revoluções e guerras, e segundo a teoria adquirida, aquele cenário era no mínimo de uma revolução. Sentia-se curioso em saber que revolução era essa que prendia as pessoas em suas casas e as que saiam pareciam prontas para começar uma confusão a qualquer momento. Talvez esse não fosse um bom dia para visitar a cidade.
        Quanto mais avançavam rumo às entranhas da metrópole também era difícil manter um ritmo constante. Quando parecia não poder piorar, ao virar a uma esquina C132 viu-se obrigado a parar o carro. Aquela rua estava amontoado de pessoas indo e vindo com placas nas mãos e armas pendendo dos ombros. Pelo menos três enormes tanques verdes permaneciam em repouso no meio da multidão com soldados sobre seus cascos, averiguando tudo de cima. 57 já estava assustado com a imensidão de Capital, depois foi se sentindo agoniado com as pessoas que iam e vinham, mas agora estava aterrorizado. Ninguém ali parecia disposto a sentar e conversar, fosse quais fossem seus motivos, então o que poderia acontecer a ele caso tentasse abrir caminho, mesmo acompanhado de uma máquina?
        - A prefeitura fica nesse quarteirão. – informou o robô. – O laboratório é no final dessa rua. Temos que passar por aqui.
        57 olhou para ele cheio de medo. Claro que C132 não captou seu sentimento, então abriu a porta, quase batendo em algumas pessoas, e deu a volta no carro, abrindo a porta para que o pequenino descesse com Luz em seu ombro. Pisar no chão e encarar o asfalto pisado por uma infinidade de homens e mulheres era muito mais aterrorizante do que presenciar tal cena rodeado de confortáveis paredes de metal. C132 agarrou sua mão e foi abrindo caminho gentilmente.  
        Cada pequeno subgrupo gritava uma coisa diferente, mas todas relacionadas à indústria farmacêutica. Pelo que o garoto pôde entender de alguns cartazes e da gritaria, o governo não permitia mais a produção de certos remédios importantíssimos. Não tinha a menor idéia do que vinha acontecendo para tanto, mas provavelmente C132 sabia.
        - Pra que tudo isso? – questionou, procurando ocultar o desespero que sentia por estar ali.
        - Essa comoção? – A máquina fez uma de duas costumeiras pausas para pensar, checar as informações em seu banco de dados. – Bem, aparentemente uma praga está matando toda a vida no planeta. Provavelmente existia um remédio para tentar combater os efeitos colaterais e o governo parou de produzi-lo por questões financeiras, pelo menos é isso que algumas pessoas estão dizendo.
        Política, segundo tudo que leu em livros e que seus professores confirmaram, era o mal da humanidade. Organização sempre foi algo importante, mas não quando pessoas corruptas estavam no poder. Seria possível que a produção dos medicamentos tenha sido parada por causa de pessoas com reservas absurdas que preferiam gastar esse dinheiro com outra coisa, mas 57 preferia pensar que a verba realmente não era suficiente.
        Após o que pareceu ao garoto uma maratona, enfim alcançaram os portões da clínica. Não havia tantas pessoas por aqui, estavam todas concentradas no prédio da prefeitura. C132 olhou ao redor, avaliando tanto o prédio quanto as grades. Uma grossa corrente presa por um grande cadeado trancava o portão. As grades eram muito altas para pular, mesmo para C132, pois chamaria atenção um robô pulando com um menino em seus braços e um vaga-lume os acompanhando.
        - Deve haver outra entrada.
        - Sim, provavelmente. – O homem de lata seguiu as grades, dobrando a esquina. Lá onde o terreno terminava havia um pequeno portão discreto o suficiente para passar despercebido por olhos humanos. – Venha.
        A agonia que 57 sentia antes só fez aumentar. Quando se aproximou, C132 já abria a fechadura com uma longa e fina ponta que saia de seu dedo. Querendo ou não, aquilo era invasão de propriedade privada. Quando pensou em dizer algo o portão deslizou com um leve rangido para dentro do terreno. Sem mais nem menos a máquina entrou, Luz seguindo-o e voando à sua frente em direção à discreta porta.
        - O que foi, Luz? – perguntou 57, saltitando em sua direção.
        O HD planava próximo à porta e batia nela constantemente, como se quisesse desesperadamente entrar. C132 apenas assistia à cena, curioso. Após um momento, aproximou-se da porta, desviando dos ataques do pequeno hardware, e destrancou-a. Não precisou mais que abri-la para o inseto mecânico entrar disparado no local. Estava escuro lá dentro. Pouca luz entrava pelas tábuas afixadas nas janelas e a poeira era visível a olho nu. 57 deu um espirro, e então outro, não parando mais. O robô, ciente de suas fraquezas, pegou novamente a máscara de oxigênio, fixando-a no rosto alvo e amedrontado do pequeno. Ouviram um baque vindo dos confins do laboratório que fez o coração de 57 saltar, quase saindo pela boca.
        C132 empurrou-o gentilmente pelo ombro para dentro, fechando atrás de si a porta, deixando a escuridão reinar. Junto do baque suave alguns medos do garoto sumiram. Sabia que todas aquelas pessoas ainda estavam lá fora e que o que estava acontecendo não era bom, mas pelo menos as paredes os separavam. Agora outro medo invadia seu peito, o provocado por aquele barulho e pelas vozes distantes que surgiram repentinamente.

Um comentário:

  1. Vc é muito mas,,, muito chato... estou completamente rendido ao The Prodigy... tow cada vez mais curioso..

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