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sábado, 20 de agosto de 2011

{The Prodigy} Capítulo cinco


A leitura de C132 não durou muito. Após escanear o HD, Luz voltou a pairar pacífico sobre eles. O garotinho olhou do robô para ele e dele para o robô, curioso. A máquina retribui seu olhar, fria, insensível. 57 tinha certeza de que agora ele sabia tudo sobre aquele lugar e sobre ele próprio, cujas dúvidas latejavam em sua mente, ávidas por respostas. Sustentou o olhar do ciborgue por um momento, esperando. Como ele nada disse, resolver começar.
        
- E então? – Sua voz meiga soou baixa, tímida. – O que há armazenado nele?
         
- Bem. – C132 parecia levemente grave, para um robô imparcial, frio, livre de emoções. – Esse hardware arquiva um amontoado de informações referentes ao projeto Neo homo. Este laboratório é o principal centro de pesquisas do projeto, e o complexo e sua renda são inteiramente voltados para as pesquisas.
         
A mente jovem porém inteligente de 57 logo juntou as peças. Neo homo era um termo latim que podia ser traduzido como novo homem, então era óbvio que esse projeto visava a criação de um novo ser, uma raça humana melhorada. Logo, ele e seus irmãos, tão fisicamente diferentes dos outros habitantes do complexo, submetidos a testes e exames de sangue rotineiros, eram essa nova raça. Qual o objetivo de tudo isso, não tinha idéia, mas sentiu-se estranho por pertencer a outra raça – uma nova raça. Não sabia descrever tal sentimento. Era uma mistura heterogênea de mágoa, solidão e superioridade. Principalmente solidão.
         
- Em que consiste esse projeto? – perguntou, cabisbaixo.
         
- Estudar e aprimorar a raça pura descoberta há mais de trinta anos.
         
Agora tudo que o menino começara a entender voltava a ficar sem nexo. Ergueu sua cabeça, olhando nos olhos sintéticos da máquina, extremamente confuso.
         
- Como assim “raça pura descoberta”?
         
C132 estava bem ágil. Provavelmente porque essas perguntas eram simples, uma vez que as respostas para elas já estavam armazenadas em sua memória.
         
- Há exatos 38 anos, uma mulher deu a luz a uma criança inteiramente saudável. Essa criança era geneticamente perfeita, imune à maioria das doenças conhecidas pelo homem. Seu QI era superior ao de muitos cientistas como Einstein e compositores como Mozart. Era fisicamente estável, conseguindo excelentes resultados nos esportes e exercícios. Era um humano perfeito. A partir da descoberta dessa criança, um grupo de cientistas acreditou serem capazes de dar continuidade a essa linhagem sem miscigená-la, e ao iniciarem estudos a respeito de seus genes, fundaram a Corporação Kronos, investindo no comércio farmacêutico para sustentar as pesquisas dessa nova raça.
         
“ O primeiro espécime baseado na criança perfeita foi criado mais de dez anos depois, utilizando um óvulo oco e o material genético coletado anteriormente. Seu desenvolvimento intra-uterino foi um sucesso, mas não sobreviveu muito após o nascimento.
        
- Era um clone? – interrompeu 57, perplexo. Ouvira falar de clones apenas teoricamente, nas aulas, e não achou que, mesmo com os avanços científicos atuais, fosse permitido clonar pessoas.
        
- Sim, um clone. Porém, essas pesquisas feitas pela Corporação Kronos eram ocultas. O complexo Foi construído no meio de um terreno de mais de vinte hectares, a fim de proteger sua existência ao máximo. Atualmente a criação de clones humanos é proibida pelo conselho de medicina.
        
Agora o jovenzinho começava a entender porque nunca saiam dali. Nunca realmente se importou com isso, mas agora fazia mais sentido, e era de certa forma, perturbador. Passar por cima de leis criadas para o bem, para impedir abusos, tudo isso para dar continuidade a uma raça pura. 57, em sua mente jovem, via isso como egoísmo e mania de grandeza. Até agora não via razão para esses estudos e a criação daquele complexo. Claro que todos devem ter ficado impressionados com a tal criança, mas isso não justificava seus atos futuros.
         
- Desculpe, C132. – disse, solene. – Continue, por favor.
         
- Ah, claro. – O robô fez uma pequena pausa, lembrando-se onde parara. – Muito bem. Após o fracasso do primeiro espécime, os cientistas responsáveis pelo projeto fizeram mais estudos e então, após mais alguns anos, conseguiram dar vida a mais um clone. Esse teve seu desenvolvimento intra-uterino bem sucedido e nasceu forte e sadio. Ao atingir um ano de vida, acreditava-se que sobreviveria tanto quanto a criança perfeita, e para ter certeza, passaram a realizar testes de sangue regularmente. Também mudavam o cardápio da nova criança para avaliar sua adaptação a diferentes alimentos. Essa criança foi batizada por seus criadores de 01.
         
“ Quando 01 atingiu seus dez anos de vida, os cientistas acharam prudente criar outro espécime, dessa vez aprimorando os genes, e assim fizeram sucessivamente, mais 56 vezes, sempre acompanhando as crianças de perto, realizando exames de sangue rotineiros, realizando testes variados para analisar suas capacidades físicas e   mentais.
         
O menino não conseguia esconder seu espanto frente aquelas revelações. Então ele, o último de sua geração (já que após 01 repetiram o processo 56 vezes), assim como seus irmãos, não passavam de experimentos. Todos aqueles testes e exames, as mudanças no cardápio e seus acompanhantes. E então teve um estalo. Aquela mulher doce e gentil que sempre o acompanhava não devia ser qualquer uma. Para estar ali, devia ser graduada, especializada, mestrada e doutorada em genética. Ela não devia ser tão boa daquele jeito à toa. Embora gostasse muito dela e sentisse sua falta na desolação que virou aquele lugar, agora entendia que toda essa proximidade era para melhor entender os resultados, ou era o que sua mente jovem pensava. Ela o chamava por um nome, o qual acreditava não estar registrado naqueles arquivos, mas só em lembrar o dela, já era bastante. Ergueu seu olhar mais uma vez, decidido.
         
- Qual o nome da minha responsável?
        
 C132 permaneceu a fitá-lo por um momento, processando a informação. Nos arquivos que copiou de Luz não constava o termo responsável, e sim semelhante.
         
- Você quer dizer sua tutora?
         
- É, isso mesmo.
        
- Elizabete Hermann. Doutora em engenharia genética pela Universidade da Capital.
         
As primeiras sílabas daquele nome – Eli – despertaram lapsos na memória de 57. Eli era como a chamava, e raramente soprava Liz ou Iza. Vários momentos dele pronunciando seus apelidos voltaram-lhe à mente de uma vez só, como uma cachoeira. Também lembrou que aquele simpático senhor que recolhia seu sangue era o Dr. Kepler, e até lembrou os nomes de seus vários irmãos, pelo menos os que via, pois dos outros trinta e poucos, nunca teve notícias. Não saberia da existência deles se não tivesse entrado ali e visto Luz. Aliás, nunca saberia de nada disso que acontecia naquele lugar se não tivesse lembrado aquele dia da coleta de sangue e insistido para entrar naquele laboratório. Mesmo lembrando muito agora, sabia que não era tudo. Ainda não sabia seu nome, aquele pelo qual era conhecido pelos irmãos e cientistas para ocultar o misterioso número 57, que encheria sua cabeça de perguntas. Mesmo tendo muitas respondidas, um número igualmente grande permanecia sem retorno, como os motivos que levaram a Corporação Kronos a dar continuidade ao estudo do projeto Neo homo, o que aconteceu com seus outros irmãos e o que aconteceu com todos. Por que ele era aparentemente o único ser de carne e osso naquele lugar? Seria aquele mais um teste para avaliar suas capacidades físicas e mentais?

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